O Grêmio Literário Português foi, em suas origens, concebido como um gabinete de leitura de caráter associativo, cuja fundação – fruto da iniciativa de membros da colônia portuguesa residentes em Belém, capital da então Província do Pará -, se deu no ano de 1867.
De acordo com seu primeiro estatuto, datado de 27 de outubro de 1867, a associação seria constituída por súditos portugueses de ambos os sexos, tendo por objetivo proporcionar instrução e recreio aos seus associados, assinantes e subscritores por meio de “uma escolhida biblioteca” de livros de literatura, ciências e artes. Pretendia também disponibilizar aos leitores periódicos nacionais e estrangeiros e promover o ensino de línguas e matérias científicas.
O gabinete de leitura paraense admitia três categorias de membros: sócios, assinantes e subscritores. Dos sócios exigia-se que fossem cidadãos portugueses no gozo de seus direitos; dos assinantes e subscritores, que fossem cidadãos de outra nacionalidade que não a portuguesa, salvo os casos daqueles que não residiam na Província do Pará.
Aos sócios cabia o pagamento de uma jóia no valor de 20.000 réis, bem como a quantia de 1.000 réis por trimestre. Aos assinantes cabia, por sua vez, o pagamento de uma anuidade de 14.000 réis e aos subscritores o pagamento de 4.500 réis por trimestre.
Sócios, assinantes e subscritores podiam fazer uso do espaço da biblioteca, bem como levar os livros para casa, com exceção daqueles de caráter consultivo, como por exemplo, dicionários, legislação e jornais. Contudo, apenas os sócios tinham direito de eleger e serem eleitos para os cargos administrativos da instituição, bem como de participar das assembléias gerais, propondo, aprovando ou rejeitando os assuntos nelas discutidos.
A biblioteca da instituição foi constituída, desde os seus primórdios, por doações e compra de livros e periódicos no mercado editorial nacional e estrangeiro. No primeiros anos de atividade, seu principal fornecedor foi o livreiro lisboeta Antonio Maria Pereira. Também foram adquiridas obras da livraria Laemmert, instalada na cidade do Rio de Janeiro e de livrarias estabelecidas na cidade de Belém, como a Tavares Cardoso.
O transporte dos livros oriundos de Lisboa era realizado por paquetes europeus, em sua maioria pertencentes à companhia inglesa Booth Line, que em 1866 criou uma linha de navegação exclusivamente destinada a ligar os portos da Europa com aqueles situados no Norte do Império brasileiro. Foi nos paquetes Augustine, Ambrose, Jerôme, Maranhense e Cearense que os livros enviados por Antonio Maria Pereira desembarcaram na cidade de Belém para ocupar espaço nas estantes do Grêmio Literário Português do Pará.
Atualmente a biblioteca daquele que foi um dos principais espaços de leitura da capital da Província do Pará no século XIX encontra-se situada na Rua Senador Manuel Barata 483 e pertence ao Grêmio Literário e Recreativo Português do Pará. Todas as obras referenciadas neste site podem ser consultadas no endereço acima referido.